Big Data

Entrevistas com os gestores dos fundos de ações favoritos em 2019

Estratégias dos gestores dos fundos de ações mais investidos em 2019.


Com base em nosso Big Data, nós fizemos um ranking com as aplicações mais investidas em 2019.

Entrevistamos os gestores dos fundos de ações com melhor colocação. Confira as estratégias usadas por eles:

 

Top Fundos de Ações Campeões de 2019

fundos de ações

 

1- Ouro 

Fundo: MOAT CAPITAL FIC FIA

Gestora: Moat Capital

Início: agosto de 2014

Aplicação mínima: R$ 20 mil

 

O que diz Adriano Leite, sócio da Moat Capital:

SB: Na sua visão, por que o MOAT CAPITAL FIC FIA foi tão procurado em 2019?

Adriano Leite: O principal fator é que o fundo vem apresentando uma performance bem destacada, ano após ano, incluindo períodos difíceis para os gestores de modo geral baterem o Ibovespa. Se pegarmos como exemplo 2016, foi o momento de uma virada de ciclo, mas também foi um ano muito difícil porque grande parte da indústria ainda estava com carteiras muito defensivas e tivemos um retorno de 69% contra um Ibovespa de 38,94%. E conseguimos ano após ano ter uma performance forte. Lembrando que cada período teve uma particularidade, em 2016, foi o impeachment e a virada do ciclo e dos fundamentos da economia. Já o ano de 2017 foi marcado pelo Joesley Day e no segundo semestre a economia dando sinais de aceleração e em 2018 teve a greve dos caminhoneiros e as eleições. Foram períodos em que a Bolsa teve retornos fortes mas acompanhados de volatilidade. Eu diria que a cada ano, tivemos uma composição de carteira diferente, em linha com a nossa filosofia. 

Hoje em dia, podemos ser acessados em diversas plataformas – bancos e corretoras, e sempre buscamos ampliar esse leque, pois achamos que os investidores pessoas físicas estão cada vez mais preparados para investir. Mas trabalhamos em outros canais também como family offices e fundos de pensão.

 

SB: Qual é a filosofia/estratégia do fundo? De forma geral, quais os ativos que compõem a carteira? 

Adriano Leite: Somos uma casa fundamentalista, então toda companhia começa a ser analisada sob o ponto de vista do bottom-up (dos aspectos financeiros e específicos das atividades de cada empresa para a conjuntura macro). O que temos de diferente é que não fazemos filtro no começo do processo, olhamos basicamente tudo, desde que as empresas tenham liquidez razoável. Olhamos desde companhias tidas pelo mercado como de qualidade, estatais e até empresas que eventualmente passaram por problemas de governança. Aqui a gente não está somente em busca das melhores companhias, mas em busca das melhores assimetrias. O que fazemos muito aqui é aumento e redução de posição conforme as assimetrias aumentam ou diminuem e isso vai refletindo no tamanho dos papéis. 

 

SB: Quais os ativos que mais figuraram na carteira?

Adriano Leite: A Via Varejo que é um papel que a gente investe há três anos, uma empresa que mudou de controlador no ano passado e está passando por um turnaround. A participação da Via Varejo no portfólio já foi de 9%, de 5% e hoje está em torno de 3%. O outro destaque foi a JBS, que foi interessante porque começamos a investir desde o final de 2017, uma época em que ninguém nem queria saber de JBS. Do Joesley Day para a frente ficamos acompanhando cada passo da companhia e dado que a empresa tinha obrigação de se desalavancar, não podia mais comprar ninguém e os bancos estavam aptos a renegociar as dívidas, foi iniciado um ciclo favorável para companhia. No ano passado, aumentamos a posição e também compramos a BRF. Hoje em dia JBS é um case mais consensual de mercado. O terceiro destaque em alfa foi a Sabesp. Nós investimos no primeiro trimestre do ano passado, entendemos que o preço dela era atraente, porém, não investimos na Sabesp somente apostando na privatização. A Sabesp subiu de preço ao longo do ano e fomos saindo, hoje já não temos mais posição, mas vamos acompanhando... 

 

SB: Quais os diferenciais do fundo?

Adriano Leite: Os diferenciais do fundo passam muito pelos diferenciais da Moat Capital, que é equipe bem experiente tanto gestores quanto analistas, que acompanham o mercado e fazem a gestão de recursos de terceiros há muito tempo. Além disso, o diferencial é a filosofia da casa, com uma proposta de cobertura mais abrangente e de uma visão mais agnóstica que tem entregado um retorno consistente e diferente. 

 

2- Prata

Fundo: ALASKA BLACK FIC FI AÇÕES BDR NIVEL I

Gestora: Alaska Investimentos

Início: janeiro de 2012

Aplicação mínima: R$ 5.000 (somente investidores qualificados)

 

O que diz Henrique Bredda, cofundador da gestora Alaska Investimentos e gestor dos fundos da família Black:

SB: Na sua avaliação, por que o ALASKA BLACK FIC FI AÇÕES BDR NIVEL I foi tão procurado em 2019?

Henrique Bredda: Eu acho que é uma combinação de fatores. No caso do ano passado especificamente, pode não ter sido pela performance porque foi mediana, ao contrário do ano anterior. Mas quando olhamos há quatro ou cinco anos, a composição tem sido muito boa, não é que o fundo tem apresentado consistência e subido mês a mês, a consistência é que mesmo em períodos de correções, o fundo se recupera rápido, então, eu diria que é um “zigue-zague” para cima. Além disso, aqui na gestora temos uma comunicação muito boa, damos entrevistas, estamos presentes nas redes sociais, fazemos lives e participamos de muitos eventos presenciais. A nossa comunicação contínua representa transparência, revelamos as nossas posições e conquistamos a confiança dos investidores. Sempre “batemos na tecla” que os investimentos em ações necessitam de visão de longo prazo. Costumamos responder às perguntas dos investidores, mostramos que também somos de “carne e osso” e assim ganhamos empatia.

 

SB: Quais são as ações que têm predominado na carteira?

Henrique Bredda: O fundo de ações Alaska Black BDR Nível I tem ações e um pouco de juros e câmbio na carteira. Quanto às ações que predominam, que compõem cerca de 95% do portfólio, estão Cogna, Magalu, Braskem, Klabin, Petrobras, Suzano, Vale, Rumo, Aliansce Sonae, Valid e Log-In.

 

SB: Quais os diferenciais do fundo?

Henrique Bredda: A consistência de retorno e a comunicação. Além disso, temos uma boa equipe e o nosso trabalho foi amadurecendo ao longo do tempo. Eu diria que desde 2015, temos uma equipe mais completa e mais madura, com a presença, por exemplo, do grande Luiz Alves Paes de Barros.

 

SB: Quais as perspectivas neste cenário de Selic mais baixa e de retomada, ainda que lenta, da economia?

Henrique Bredda: Achamos que 2020 será uma continuidade de 2018 e 2019, com um crescimento pequeno e lento do PIB e migração dos investimentos em renda fixa para mais risco, não só ações, mas também fundos imobiliários e fundos de venture capital e private equity. O dinheiro vai deixar de ficar parado porque antes, mesmo sem risco, era possível ganhar. Agora, quem quiser ganhar, tem que correr risco, o Brasil caminha em direção de um país mais normal. As empresas vão continuar aproveitando, emitindo ações e captando recursos no mercado e isso significa mais lojas, mais shoppings, mais fábricas, mais navios, mais rodovias, ou seja, um ciclo positivo. Vejo a lenta recuperação do setor produtivo. Lógico que nem todas investem, mas tem companhias fazendo muita coisa. 

 

3- Bronze 

Fundo: EQUITAS SELECTION FC FI DE AÇÕES

Gestora: Equitas Investimentos

Início: julho de 2010

Aplicação mínima: R$ 5 mil

 

O que diz Luis Felipe Amaral, sócio e gestor da Equitas:

SB: Na sua visão, por que o EQUITAS SELECTION FC FI DE AÇÕES foi tão procurado em 2019?

Luis Felipe Amaral: Essa é uma indústria de desempenho mesmo, não tem jeito, então o fundo vem apresentando bons resultados e consistentes há bastante tempo. O fundo está completando 10 anos este ano. Então, dá para os investidores terem uma ideia do comportamento da gestão do fundo em vários momentos diferentes de mercado. As pessoas observam uma performance destacada com track record longo e uma equipe que trabalha junto há muito tempo e que tem processo de investimento consistente e aprimorado ao longo do tempo. Essa combinação de fatores dá o conforto para investir. 

A nossa base de investidores é formada por family offices, multi family offices e private banks e a gente, recentemente, há cerca de de um ano, abriu para o varejo. Isso porque é uma tendência no Brasil o crescente interesse das pessoas físicas por ações. Esse movimento temos capturado bem. O fundo está em grande parte das plataformas seja bancos via private banks ou via segmentos como Personnalité do Itaú, Prime do Bradesco e as diversas corretoras. No começo do ano passado, reduzimos o tíquete médio de R$ 20 mil para R$ 5 mil. 

 

SB: Qual é a filosofia/estratégia do fundo? 

Luis Felipe Amaral: É um fundo de ações que investe com uma abordagem fundamentalista. A equipe gasta o seu tempo tentando entender as empresas em profundidade e seus setores, quais são as dinâmicas competitivas, as vantagens concorrências e barreiras de entrada, para fazer investimentos em um horizonte de três a cinco anos. Então, buscamos compreender com profundidade os ativos e ficar neles por bastante tempo. 

 

SB: Quais os ativos que mais figuraram na carteira? O que trouxe resultados positivos?

Luis Felipe Amaral: Trabalhamos sempre com um portfólio bastante diversificado, então o resultado bom é uma composição de várias ações. Eu diria que não tem o destaque de um ativo. É uma composição de várias ações de empresas que são em sua maioria domésticas e que tem se sobressaído nas áreas onde atuam como Iguatemi, Azul, Notre Dame Intermédica, EZTec, Localiza e Lojas Renner. 

 

SB: Quais os diferenciais do fundo?

Luis Felipe Amaral: A equipe e a filosofia de investimentos. É uma equipe de gente experiente no mercado de ações no Brasil. São pessoas que trabalham juntas há muito tempo. Tem um processo de investimentos por trás que vem sendo amadurecido e aprimorado ao longo de muitos anos e passando por vários ciclos, com uma abordagem fundamentalista e com uma visão de médio de longo prazo. É um diferencial em relação a grande parte do mercado que adota uma visão curto prazista. 

 

SB: Vamos hoje que o setor de gestoras de recursos independentes está em crescimento. Como você avalia esse movimento? 

Luis Felipe Amaral: Há bastante tempo temos visto muitas gestoras no País. Essa é uma indústria que tem barreira de entrada baixa, é fácil formar gestoras, mas é difícil se estabelecerem, existe uma mortalidade grande também. Essa é a natureza da indústria aqui e lá fora também. Muita gente começa, alguns acabam ficando no meio do caminho e um número menor se estabelece por mais longo prazo. Mas aqui no Brasil, sem dúvida, esse é um setor promissor porque o mercado de renda variável, de ações, deve se desenvolver e como consequência as assets independentes também devem se desenvolver. 

 

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