Muitos investidores que costumam acompanhar no dia a dia os seus investimentos em renda fixa, têm levado um susto. Esse pode ter sido justamente o seu caso.
Ao consultarem as cotas dos fundos de renda fixa ou os saldos diários de suas aplicações, as pessoas têm se deparado com rentabilidades negativas. Por exemplo, um investidor que aplicou R$ 3.000 em um título do Tesouro Prefixado e acompanha diariamente seu saldo vê que ele aumenta constantemente, mas de repente, depois que sua aplicação já está em R$ 3.030,00 vê que apresenta uma queda para R$ 3.022,00. Diante deste cenário, as perguntas que surgem são: “O que aconteceu?” “Perdi dinheiro?”, “Não é uma aplicação segura?” ou “Cobraram alguma taxa sobre o meu investimento e eu não estou sabendo?” Essa dúvidas são comuns, mas é preciso ter calma, não há motivo para desespero. O importante é compreender melhor a dinâmica desse tipo de investimento.
Primeiramente, vamos esclarecer que quando há turbulência no mercado financeiro, o seu reflexo não é somente na Bolsa de Valores e no dólar, mas também nas taxas de juros do mercado que acabam afetando os preços de títulos públicos e privados de renda fixa. Recentemente, em meio à alta volatilidade do mercado, o Tesouro Direto teve suas negociações suspensas em vários momentos.
É importante saber que quando há incertezas políticas e econômicas no País e no mundo, os preços dos ativos oscilam, as moedas valorizam ou desvalorizam e o juro sobe para patamares mais elevados, ou até diminuem. Esta dinâmica do juros acontece porque uma alta do dólar pode afetar a inflação, ou porque uma desvalorização da moeda pode fazer com que investidores tirem seu dinheiro de um determinado país para aplicar em outro e para evitar essa saída de dinheiro, há uma alta do juros. São vários os fatores que podem mudar a expectativa dos juros e os agentes de mercado atuam atentos aos cenários. Por esse motivo, você já deve ter ouvido que os contratos de juros futuros ou a curva de juros estão subindo ou caindo.
As regras estabelecidas pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários estipulam que os agentes financeiros apresentem o valor diário dos ativos que possuem. Assim, se um fundo comprou um título de renda fixa, ele deve “marcar”- o que significa o mesmo que precificar o título a cada dia. Logo, os preços dos títulos de renda fixa oscilam, isso ocorre de fato. Diariamente, o fundo precisa ver quanto o mercado paga naquele título, como se ele fosse vendê-lo e coloca o preço que ele está valendo no mercado. Isso é a marcação a mercado. Assim, fica fácil imaginar que quando há grandes oscilações, esses títulos podem apresentar momentaneamente uma queda de valor. Isso acontece com fundos de renda fixa/DI ou mesmo com clientes que compram títulos de renda fixa diretamente, seja um CDB, LFT, NTN etc.
É importante destacar que a marcação a mercado e as flutuações no preço de um título não mudam a taxa contratada, aquela que foi fechada no momento da compra, pois ela será respeitada e aquele juro será pago – desde que você permaneça na aplicação até o seu vencimento.
Quando as oscilações de mercado estão dentro da normalidade, estas variações de juros são muito pequenas e portanto a marcação a mercado passam despercebidas para os clientes que investem em títulos de renda fixa. O instrumento de marcação a mercado é extremamente positivo e protege o investidor, pois precifica os ativos pelos seus reais valores diariamente, evitando que cotistas que investem em fundos por exemplo, tenham suas cotas representadas por um valor que eles não conseguirão resgatar caso queiram sacar seu dinheiro.
Para investir é preciso conhecer as regras. Ter “sangue frio” também é necessário e, mais importante ainda é contar com o suporte de um consultor que possa te explicar como essas coisas funcionam, demonstrar a variação diária de seus investimentos e que saiba porque os ativos estão oscilando e qual deve ser sua postura diante disso. Tomar atitudes precipitadas sem o auxílio de um profissional poderá fazer com que você tenha uma rentabilidade menor ou até mesmo uma perda financeira.
Comumente, passado o período de turbulência, os preços praticados no mercado tendem a se aproximar da sua trajetória normal e o preço dos ativos estabilizam.