Nos últimos anos, os Exchange Traded Funds (ETFs), fundos de índices com cotas negociadas em bolsas de valores, avançaram rapidamente no mercado global de investimentos, superando US$ 4,5 trilhões em ativos sob gestão.
O protagonismo é dos Estados Unidos, representando cerca de 70% do patrimônio mundial desse segmento. Há uma ampla variedade de tipos de ativos contemplados nos ETFs, como: ações, títulos públicos, crédito privado, commodities, moedas, ativos imobiliários, entre outros. Temos também uma grande gama de estratégias, possibilitando desde a alocação setorial, como por exemplo a grande quantidade de ETF no setor de tecnologia ou até estratégias de investimento em empresas de valor ou crescimento.
No Brasil, a participação desse produto financeiro ainda é incipiente.
Até o momento, a maioria dos ETFs disponíveis no país são ligados ao mercado acionário. Entre os mais negociados estão o BOVA 11 (iShares Ibovespa da BlackRock), o BOVV 11 (It Now Ibovespa do Itaú) e o PIBB 11 (It Now IBrX-50 do Itaú).
Os ETFs são alternativas práticas e de baixo custo para a diversificação de carteiras.
Entretanto, no Brasil, os produtos disponíveis estão limitados a estratégias de renda variável e são fundos de índices, portanto, de gestão passiva, buscando replicar a rentabilidade de seus benchmarks como o Ibovespa, o Índice de Dividendos (IDIV), Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e o Índice Carbono Eficiente (ICO2).
Dependendo do cliente, dos perfis de risco e dos objetivos dos investidores, os consultores precisarão analisar quais são as melhores opções na estruturação da parcela de renda variável dos portfólios – recorrer aos ETFs, aplicar diretamente em ações ou investir em fundos de ações de gestão passiva ou ativa. Podem ser feitas, inclusive, combinações com essas modalidades.
Os consultores e agentes de investimentos também precisam esclarecer os investidores sobre os custos envolvidos nos ETFs. As taxas de administração variam de 0,059% a 0,69% ao ano. Como as cotas desses fundos são negociadas na B3, há incidência das taxas de emolumentos e liquidação que somam 0,0325% a cada operação, assim como, da taxa de corretagem, de acordo com a política de cobrança de cada corretora de valores.
Os custos dos ETFs são semelhantes aos dos fundos de ações de gestão passiva, sendo necessário verificar as melhores opções para cada cliente.
Já os fundos de ações de gestão ativa têm taxas de administração maiores e também cobram taxas de performance, no entanto, as estratégias perseguem ganhos acima dos índices de referência e podem proporcionar ao longo do tempo rentabilidade superior a dos benchmarks.
A tributação dos ETFs segue a mesma regra aplicada aos fundos tradicionais de ações, ou seja, há incidência de alíquota de 15% sobre o lucro no momento do resgate, independentemente do prazo das aplicações.
Outro cuidado necessário é checar as condições de liquidez de cada ETF. A maioria apresenta alta liquidez, mas alguns ainda são pouco negociados.
O crescimento acelerado dos Exchange Traded Funds nos Estados Unidos e em outros mercados desenvolvidos, tem ocasionado a supervalorização das ações de um grande conjunto de empresas. A explicação para isso é que muitos investidores adquirem as cotas vislumbrando ganhos rápidos com base em tendências de curto prazo ou setoriais. Outro fator é o advento dos Robos Advisors que oferecem facilidade operacional e para tal sugerem alocação em ETFs como alternativa de alocação mais rápida. Esta questão, na visão de muitos especialistas pode estar contribuindo para inflar artificialmente os preços das ações americanas pois, esses fundos acabam avaliando somente a alocação dos portfólios e não analisando detalhadamente os fundamentos das companhias que compõem os “pacotes”.
Assim, os ETFs são uma alternativa interessante de alocação em Bolsa, mas como qualquer investimento é necessário ver se é adequado ao perfil do cliente.