A diversificação para classes de ativos internacionais ganhou uma projeção maior entre os investidores brasileiros. Para se ter uma ideia do tamanho da procura, apenas no primeiro trimestre de 2021, os investimentos líquidos de ações de brasileiros no exterior já somam metade de todo o resultado de 2020 - tanto em reais, quanto em dólares.
Nem mesmo a depreciação do real, que registrou o pior desempenho no mundo no ano passado quando comparado a outras moedas, barrou a alocação de investimentos em mercados internacionais. O motivo é claro: além da facilidade de aportar em mercados globais, seja por meio de startups ou digitalmente, o cenário de juros baixos no Brasil e a percepção de que o mercado lá fora tende a se recuperar mais rapidamente que o doméstico, acelerou essa movimentação.
Tal movimento tem sido observado em várias categorias de investimentos: seja em ações compradas diretamente no exterior, em mercados como europeu, chinês e americano; ou, até mesmo, por meio de fundos de índice internacionais - que agora são acessíveis por meio do homebroker das corretoras -; ou por recibos de ações estrangeiras, os BDRs.
Mas, na medida em que o investidor aumenta a quantidade de ativos, amplia também a complexidade de análise de sua carteira . Explicamos o motivo: é comum que pessoas que investem no exterior tenham suas carteiras em duas ou mais moedas, a local em reais e as offshore, normalmente em dólares ou euros. Muitos acabam analisando seus investimentos de maneira separada: checam seu extrato em real e em seguida seu extrato em dólares, por exemplo. Entretanto, a avaliação segregada não é o recomendado.
Para uma melhor avaliação de seus ativos e rentabilidade, recomenda-se converter as carteiras para uma única moeda (colocar todos os ativos em dólares ou outra moeda, ou transformar os ativos offshore em reais).
Nesse momento, a situação pode ficar complexa: imagine uma carteira de investimentos com ações no Brasil, na Bolsa norte-americana e na chinesa. Além disso, fundos de investimentos europeus, títulos de renda fixa no Brasil e ainda bonds americanos. Ao juntar todos esses ativos em uma única carteira, não podemos deixar de avaliar que cada um possui uma dinâmica de precificação que afeta a performance que varia de acordo com a moeda e o local onde são comprados.
O método comum de usar planilhas convencionais para controlar a carteira na hora de executar a consolidação acaba se tornando complexo e limita as análises, pois normalmente são feitas com base no câmbio de uma data específica, normalmente ao final de cada mês.
Fazer a conversão da carteira apenas mensalmente, ao receber o extrato ou relatório mensal, por exemplo, pode trazer discrepâncias de cálculo da performance significativas. Isso porque as movimentações diárias precisam ser consideradas e calculadas para evitar erros. Não basta simplesmente pegar o saldo do final do mês e converter para uma moeda comum.
Ao fazer os cálculos diariamente, o assessor ou o investidor consegue comparar a rentabilidade e os riscos dos ativos entre si. O cálculo preciso considera diariamente a variação normal do ativo somada ao efeito da variação daquela moeda e as movimentações realizadas e dessa forma permite que o profissional ou investidor faça as análises que quiser e tome as melhores decisões para o seu portfólio.
Esse tipo de acompanhamento de portfólios ainda não é comum no mercado, mas conforme os investimentos se diversificam, inclusive em relação a fronteiras, profissionais e investidores que estão cada vez mais buscando novas alternativas precisam estar preparados para controlar suas carteiras em multimoedas, de maneira eficiente.
Os cálculos podem ser complexos, mas são essenciais para uma visão mais robusta dos investimentos. A boa notícia é que já dá para contar com ferramentas e sistemas para ajudar a consolidar investimentos estrangeiros e nacionais de maneira automática. Sistemas que levam em consideração não só a movimentação e precificação dos ativos, mas também a variação cambial diária.