O segmento de fundos de previdência privada - também chamados de planos de previdência privada, que visam a acumulação de recursos para projetos de longo prazo e aposentadoria, está em plena expansão no Brasil. Você já reparou que vem aumentando a oferta desses produtos no mercado? Certamente, você já deve ter visto a grande quantidade de propagandas e anúncios nas redes sociais, nos jornais, no rádio e na televisão.
Tradicionalmente, tanto a venda quanto a gestão dos fundos de previdência privada foram muito concentradas nos grandes bancos e seguradoras. Porém, desde 2016, esse cenário tem se alterado. Há um número crescente de gestoras independentes que vem lançando produtos de previdência como a Verde Asset Management do renomado gestor Luis Stuhlberger; a SPX Capital, que tem como um dos sócios o gestor Rogério Xavier, entre outros.
Ao mesmo tempo, a comercialização de planos de previdência privada passou a ser feita também por corretoras e plataformas de distribuição de produtos financeiros, que cada vez mais aumentam a variedade de ofertas em suas prateleiras.
Existem motivos conjunturais. O envelhecimento da população e todo o debate sobre a reforma da Previdência são fatores que tornam a previdência privada um nicho promissor, uma vez que cada vez mais os brasileiros terão que repensar suas estratégias financeiras para o futuro. Há forte preocupação com a aposentadoria.
Além disso, o Conselho Monetário Nacional (CMN), aprovou em 2018 uma resolução que permitiu maior diversificação e flexibilidade dos fundos de previdência privada, até então muito concentrados em ativos de renda fixa. Houve a permissão para que os fundos previdenciários de varejo possam aplicar um percentual de até 70% em ações – antes o limite era de 49%. No caso de produtos previdenciários para investidores qualificados, aqueles que possuem patrimônio igual ou superior a um milhão de reais em aplicações financeiras, a participação pode ser de até 100% em ações.
Com a nova regulamentação da CMN, também foram permitidos novos instrumentos como os Exchange Traded Funds (ETFs) e os Certificados de Operações Estruturadas (COE), desde que seguindo algumas regras específicas. Isso representa mais liberdade para que instituições ampliem o leque de produtos para variados perfis de investidores.
A taxa Selic em patamares mais baixos tem imposto desafios à gestão dos fundos de previdência privada. No cenário de juros altos, era possível obter alta rentabilidade com grande parcela do fundo alocada em renda fixa.
Para conseguir bons retornos, é preciso diversificar mais, aumentar a parcela de renda variável. Ou seja, antes, a gestão desses fundos era passiva em sua maioria, mas agora há necessidade de uma gestão mais ativa. Por esse motivo, muitos gestores independentes despontam nesse segmento, justamente pelo alto grau de experiência que possuem envolvendo a montagem de estratégias mais complexas de investimentos e também pela capacidade que detêm para fazerem as movimentações de ativos necessárias, com base em análises da conjuntura política e econômica ao longo do tempo.
Uma das principais vantagens, está no fato de que nos fundos de previdência privada não há incidência do come-cotas, recolhimento semestral de Imposto de Renda (IR), que costuma ocorrer nos fundos de investimentos normais. Além disso esse produto permite dedução das contribuições na declaração de IR até o limite de 12% da renda bruta anual tributável, no caso da contratação de um Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL).
O investidor que pretende manter a aplicação por um período superior a dez anos e optar por um plano com base na tabela regressiva de IR, terá a incidência de uma alíquota de somente 10% sobre o valor a ser resgatado - contra 15% que é a alíquota mínima de um fundo de investimento.
O fundo de previdência também pode ser usado para o planejamento sucessório, pois ele não entra em inventário e, portanto, pode ser passado facilmente para os herdeiros no caso de morte do titular.
Vale lembrar que a diversificação e a combinação de um fundo de previdência com outros tipos de investimentos podem gerar melhores resultados. Os títulos públicos, CDBs, ações e imóveis também podem ter finalidade previdenciária.
Existem no mercado fundos previdenciários adequados aos diversos perfis e necessidades dos investidores, desde os mais conservadores aos mais arrojados.
A entrada dos gestores independentes e de outros distribuidores significa um mercado mais competitivo. À medida que a concorrência aumenta, a tendência é que aconteça uma mudança de patamar para melhores produtos com estratégias diferenciadas e possibilidade de maiores retornos. Além disso, a maior oferta trará condições mais favoráveis em taxas de administração e carregamento. Atualmente, algumas instituições já estão oferecendo fundos de previdência privada com taxa zero de carregamento.
Tudo isso é muito benéfico, mas é importante ressaltar que a taxa de administração não deve ser o critério dominante no processo de escolha. Ao escolher um fundo e, no caso de fundos de previdência é a mesma coisa, deve-se atentar ao currículo do gestor, à sua capacidade de execução, à composição de ativos da carteira e ao histórico e consistência de desempenho do fundo. Avalie muito bem o produto.
Para fazer essas análises, o ideal é usar um comparador de investimentos, ferramenta que permite comparar o desempenho dos fundos previdenciários disponíveis no mercado.
O auxílio de um assessor de investimentos também é importante. Este profissional especializado pode esclarecer as condições dos produtos, avaliando os mais adequados ao seu perfil e também calcular o tempo de investimento e os aportes necessários.