Chegamos à era dos robôs no mundo dos investimentos. Globalmente, avançam os robo-advisors, plataformas on-line que usam algoritmos para analisar os perfis dos investidores, gerando carteiras de ativos compatíveis com as necessidades de cada um.
O pioneirismo nesse segmento é dos Estados Unidos, o maior mercado financeiro do mundo, onde existem hoje mais de 250 ferramentas. Entre as plataformas mais famosas figuram Betterment, Personal Capital, Wealthfront e FutureAdvisor, que é da BlackRock. Para se ter uma ideia do ritmo acelerado de expansão, um estudo da AT Kearney estima que, no mercado americano, o total de ativos sob gestão dos robôs advisors passará do patamar atual de US$ 500 bilhões para US$ 2,2 trilhões em 2020.
No Brasil, o segmento ainda está engatinhando, no entanto, as iniciativas que despontam têm atraído um número crescente de investidores.
Nesse cenário, os robo-advisors serão concorrentes ou aliados dos consultores de investimentos?
Ao automatizarem os processos, os serviços oferecidos pelos robo-advisors representam menor custo e praticidade, contribuindo para a democratização da assessoria de investimentos e incentivam a diversificação. Certamente, no Brasil, esse segmento tende a auxiliar os investidores iniciantes a fazerem melhores escolhas.
Mas à medida que a vida financeira das pessoas evolui, aumenta a complexidade em relação à gestão dos ativos e, assim, a intervenção humana torna-se fundamental. Há necessidade de diálogo com consultores e de recomendações altamente customizadas.
Os robo-advisors apresentam limitações. Um dos motivos é que essas ferramentas costumam gerar somente de três a cinco carteiras de investimentos pré-determinadas. Ou seja, não há uma visão abrangente dos investidores, por exemplo, não consideram se eles têm outras aplicações, nem o detalhamento das suas rendas, condições familiares, fiscais e patrimoniais e até características comportamentais – informações que somente podem ser obtidas através da interação pessoal de longo prazo. Principalmente os grandes investidores demandam uma assessoria dirigida e mais robusta em função da grande variedade de recursos e necessidades.
Outro aspecto restritivo é que, especificamente no país, a maioria dos robo-advisors encaminha os investidores a um leque ainda pequeno de modalidades de aplicações como ETFs, títulos do Tesouro e títulos privados isentos. Contudo, este quadro está em transformação. Especialistas preveem um aumento nas alternativas que serão oferecidas nos próximos cinco anos.
Nos Estados Unidos e em outros mercados desenvolvidos, as transformações continuam. Os robo-advisors começam a funcionar como ferramentas de trabalho dos consultores.
A utilização de ferramentas tecnológicas e algoritmos amplia a escala de atendimento, por agilizar e garantir precisão em diversas etapas do processo. Com essa estratégia, os profissionais conseguem atender um número maior de clientes, com dedicação mais vigorosa às análises individualizadas, qualificando ainda mais suas recomendações e no caso dos robo-advisors, suprindo os gaps existentes nessa tecnologia. Ou seja, consultores podem fazer uma análise mais detalhada da situação de cada investidor, agregando mais valor ao serviço prestado. Os profissionais têm papel relevante na gestão ativa das carteiras - perseguindo maiores rentabilidades, riscos adequados ao perfil de cada um assim como, no monitoramento e nos ajustes das estratégias. Então, começa a ganhar força uma aliança entre profissionais e máquinas.
Uma pesquisa da consultoria Accenture realizada com 1,3 mil investidores de alta renda dos Estados Unidos e do Canadá aponta que dois terços deles (68%) preferem o aconselhamento híbrido. Nesse modelo, os clientes realizam as consultas com robo-advisors e contam também com reuniões períodicas programadas ou conforme necessitem com consultores certificados.
“O debate sobre robo-advisors versus consultores humanos perdeu a relevância para investidores de alta renda e gestores de ativos na América do Norte. Nossa pesquisa mostra claramente que os investidores querem uma combinação entre o atendimento automatizado e humano”, afirma Kendra Thompson, diretora geral da área de Wealth Management da Accenture. Os clientes querem flexibilidade.
De acordo com esse levantamento, os investidores que utilizam serviços híbridos de assessoramento aprofundaram as discussões sobre as necessidades de suas famílias com seus consultores, incluindo questões financeiras ligadas aos filhos (citadas por 67% dos entrevistados), aposentadoria dos próprios pais (58%), herança (57%) e o planejamento patrimonial e tributário (42%).
Um outro estudo da MyPrivateBanking, empresa de pesquisa especializada nas áreas de gestão de fortunas e serviços financeiros, mostra que o assessoramento híbrido que mescla robo-advisors e interação humana irá avançar para mais de 10% dos ativos sob gestão no mundo em 2025, enquanto as plataformas exclusivas de robo-advisors, representarão 1,6% do total.
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