Depois de ter caído 45,03% e atingido o seu pior momento da crise da covid-19 no dia 23 de março, a Bolsa entrou em uma trajetória acelerada de recuperação.
Esse movimento rápido de retomada trouxe à tona o debate de que a Bolsa já estaria cara e até fez com que alguns agentes levantassem a hipótese de que estaria caminhando para uma bolha, mas para outros tantos, estaria muito longe disso.
Por trás deste rápido movimento de recuperação da Bolsa existe uma conjunção de fatores - a queda da Selic, a entrada de um grande número de investidores no mercado, o aumento expressivo do volume diário de negociações e o fenômeno das mídias sociais com a disseminação de informações sobre investimentos, ações e finanças pessoais.
De forma geral, analisar se a Bolsa está cara ou barata ajuda a ter uma visão macro, mas não é o caminho ideal para basear decisões de investimentos.
Dentro da Bolsa existem companhias de diferentes portes, segmentos e que possuem dinâmicas de mercado e estratégias de crescimento em momentos bem distintos. E as empresas também foram impactadas de maneiras variadas pela pandemia da covid-19. De fato, algumas podem estar com preços de suas ações mais esticados, porém, outras não.
Em um mesmo setor, vemos muitas discrepâncias, no bancário, por exemplo, enquanto as instituições tradicionais têm underperformado – subido menos do que o mercado, outras surpreendem com uma trajetória de grandes valorizações.
Para mostrar o quanto isso é notório, simulamos duas carteiras no Advisor, o nosso consolidador de investimentos:
Imagine que um investidor tivesse investido R$ 1.000 em ações de cada banco abaixo no início do ano (02/01/2020).
Carteira A:
Banco |
Ticker |
Itaú Unibanco |
ITUB4 |
Bradesco |
BBDC4 |
Banco do Brasil |
BBAS3 |
Santander |
SANB11 |
Essa carteira com quatro maiores bancos do país teve um retorno negativo de 37% no acumulado do ano até 8 de setembro. No mesmo período, o Ibovespa teve queda de 15,62%.
Todo o impacto negativo das medidas de isolamento social na economia do país que recaíram sobre os resultados dos bancos junto com a necessidade de aumento das provisões para devedores duvidosos fizeram com que seus preços caíssem muito.
Veja como se comportou a carteira A do início do ano até a primeira semana de setembro
Agora, vamos mostrar uma segunda carteira simulada, supondo que um outro investidor tivesse comprado em 2 de janeiro o valor de R$ 1.000 em cada ação abaixo, de outros bancos, saindo dos tradicionais.
Carteira B:
Banco |
Ticker |
Banco Inter |
BIDI11 |
BTG Pactual |
BPAC11 |
O portfólio com ações do BTG Pactual, que tem investido no seu banco digital e atua fortemente no setor de investimentos – investment banking, wealth management e project finance, e o Banco Inter, que possui uma abordagem totalmente digital no varejo e no segmento de pequenas empresas, teve uma rentabilidade positiva de 14,43% no acumulado do ano até 8 de setembro, contra a baixa de 15,62% do Ibovespa.
Esses dois bancos foram menos afetados pela crise e as cotações das suas ações subiram de forma rápida, passado o período mais crítico da crise da pandemia do coronavírus.
Veja a evolução dessa segunda carteira
Esse artigo não é uma recomendação de investimentos. Estas simulações foram feitas apenas para demonstrar que na Bolsa e até mesmo em um setor específico, há empresas com comportamentos diferentes e não é possível generalizar, pois muitas podem estar descontadas e outras em patamares de preços justos ou até caras.
Por isso, avalie as companhias, caso a caso. Mais do que nunca, é importante ser seletivo! Escolha companhias que tenham planos estratégicos de negócios consistentes, boa governança e capacidade de gestão, alto potencial de geração de receitas e lucros.