Ao procurar fundos de investimentos para investir, a maioria das pessoas pesquisa o desempenho que os produtos tiveram nos últimos 12 meses, 24 meses, 36 meses ou em uma janela de tempo ainda maior. A rentabilidade costuma ser o principal critério de escolha de qualquer tipo de fundo – renda fixa, ações, multimercados, cambiais e imobiliários. Isso acontece porque o foco está no potencial de ganhos.
Mas para tomar melhores decisões e investir em produtos realmente alinhados com o seu perfil e objetivos é importante saber analisar também quais os riscos que o gestor do fundo assume para poder dar a rentabilidade apresentada.
Os 3 tipos de riscos mais comuns para analisar nos fundos de investimento
1. Volatilidade
Esta é a análise mais conhecida e mais comum. A volatilidade representa a intensidade e a frequência das oscilações dos preços dos ativos e da carteira do fundo ao longo do tempo.
Um fundo mais volátil é visto como mais arriscado, pois para poder gerar um ganho maior, corre-se o risco de ter uma perda da mesma intensidade, caso o investidor precise resgatar o dinheiro em um momento de fortes oscilações.
Nas lâminas dos fundos de investimentos, você poderá checar o desvio-padrão que é a variação da sua rentabilidade em torno da sua média ou em relação a um benchmark como o Ibovespa ou o CDI, em uma janela de tempo – desde o início ou nos últimos 12 meses, por exemplo. Ou seja, é o grau de dispersão do retorno.
Outra métrica de análise é o Índice de Sharpe, que avalia a relação entre risco e retorno do fundo. Esse indicador serve para medir a rentabilidade do fundo em relação ao ativo livre de risco, por exemplo, o CDI. Quanto maior este índice, maior é a relação de geração de retorno para um menor nível de risco.
2. Risco de Crédito
Avaliar o risco de crédito dos ativos que compõem o fundo é tão importante quanto analisar sua volatilidade. Este é o risco dos ativos que compõem a carteira do fundo. Esses ativos podem ser de uma empresa, uma instituição financeira ou um título do governo.
Portanto, aqui o risco não é de variação da rentabilidade, mas sim de perder o valor investido nos ativos por default, que significa a incapacidade de pagamento de suas dívidas.
Para analisar este risco, um dos caminhos é conferir as notas que são dadas pelas agências de rating. Elas fazem a classificação de risco de crédito de acordo com a saúde financeira e capacidade de pagamento dos emissores.
Nos fundos, normalmente os gestores divulgam quais são os tipos de risco de crédito que estão investindo. Geralmente esta informação é apresentada nas regras de alocação que os fundos podem fazer, divulgando o percentual que alocam em títulos de primeira, de segunda linha etc, e ainda no manual de gestão de risco exigido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para todos os fundos.
3. Alavancagem
Esse é um risco importantíssimo de ser analisado, mas que poucos investidores prestam atenção na hora de escolher um fundo. Essa é uma estratégia usada pelos gestores na tentativa de potencializarem os ganhos, mas que também amplia bastante os riscos e as chances de perdas. Com o uso de alguns instrumentos financeiros como opções e contratos futuros, alguns fundos têm posições investidas com valores superiores ao seu patrimônio. Isso é frequente em fundos multimercados.
De forma simples, a alavancagem significa que o fundo pode aplicar mais dinheiro do que tem no patrimônio para aumentar o ganho com pequenas variações do ativo investido. Logo, se a variação desse ativo aumenta significativamente o ganho ou perda pode ser multiplicado por 1 vez, 2 vezes, 3 vezes ou mais.
É fundamental ler nos documentos oficiais do fundo se ele admite alavancagem e, em caso positivo, qual é a política e o percentual do patrimônio que é alavancado nas operações. Nesse caso, muitas vezes o ideal é falar com os gestores a fim de entender suas regras de gestão.
Portanto, não basta somente olhar a variação de rentabilidade. É preciso fazer uma análise ampla, considerando principalmente estes três tipos de riscos. E ainda existem outros como risco de mercado, de liquidez, de concentração, operacional e de assimetria de informação. Um assessor de investimentos pode te ajudar com essas análises, pois conhece bem os produtos disponíveis no mercado, as estratégias seguidas pelos principais gestores e, certamente, também poderá explicar com mais clareza o que consta nos regulamentos.