Depois de um período Bull Market de altas na Bolsa, veio de forma rápida e abrupta o Bear Market, uma tendência de queda e também de muita volatilidade por causa das incertezas que o coronavírus (Covid-19) traz para a economia do nosso país e do mundo.
Mas o que chama a atenção é que os investidores pessoas físicas no mercado acionário têm apresentado um comportamento diferente. Ao contrário de outros momentos turbulentos - inclusive da crise mundial de 2008, desencadeada pelas hipotecas subprime nos Estados Unidos e a alta alavancagem do sistema financeiro - o fluxo de investimentos segue positivo.
O que mudou em relação a outros momentos de forte turbulência no mercado é que houve amadurecimento dos investidores no país em relação à renda variável, incluindo ações.
Nos últimos anos, as plataformas de investimentos de corretoras e de bancos investiram pesado em conteúdos relevantes sobre finanças pessoais, ativos e produtos financeiros e ainda houve um boom de portais de notícias sobre investimentos. Por sua vez, surgiram influencers e diversos analistas e gestores de fundos também têm ampliado o debate sobre investimentos na Bolsa nas redes sociais. Somado a isso tudo, um número crescente de instituições financeiras e casas de research independentes têm atuado na produção e divulgação de relatórios sobre companhias abertas, setores e mercados. De forma geral, os investidores têm se informado para escolher ações para suas carteiras.
Houve um movimento de popularização da assessoria de investimentos no país, principalmente a partir de 2015 com o impulso da XP ao segmento de agentes autônomos. Com o avanço das informações, cada vez mais os investidores se conscientizam sobre a necessidade de organizar o orçamento e diversificar as carteiras, procurando a ajuda de profissionais qualificados como planejadores financeiros, consultores e gestores de patrimônio para terem estratégias, alocações diversificadas e movimentações nos investimentos que sejam compatíveis com seus objetivos, perfis de risco e necessidades de liquidez.
Vemos que há investidores que têm mantido a maioria das suas posições mesmo com a Bolsa em queda. Nestes casos, eles seguram nas carteiras as ações de companhias e setores que são mais resistentes nesta crise e que podem ser beneficiados pela retomada da atividade e bons desempenhos mais adiante - aí prevalece a visão de longo prazo. Então, a decisão é não realizar as perdas no curto prazo.
Nenhuma crise é para sempre, dessa forma, há investidores que também estão aproveitando oportunidades com foco no longo prazo, fazendo compras. Muitos estão atentos às recomendações fundamentadas de ações por preços justos ou baratos que possam gerar altos retornos mais adiante, em um intervalo de tempo maior.
A taxa básica de juros da economia deve seguir em patamar histórico mais baixo. Dessa forma, as ações e outros ativos mais arriscados continuam sendo importantes nas estratégias que visam gerar maiores ganhos no futuro. Hoje, para um investidor alcançar uma rentabilidade média de 10% ao mês precisa montar uma carteira bem diversificada.
Os investidores passaram a ter mais acesso a sistemas e ferramentas para fazer comparações de ativos, simulações de novas estratégias e controles dos investimentos realizados. O uso da tecnologia, especialmente quando aliada ao suporte dos assessores, leva a melhores decisões. Os sistemas de home broker e as plataformas de aplicações online também são grandes facilitadores.
Esse conjunto de fatores está minimizando o Efeito Manada e garantindo decisões mais equilibradas dos investidores pessoas físicas no país.