O empreendedorismo no setor de investimentos segue a passos largos no Brasil. O número de assessores de investimentos independentes cresceu 424% nos últimos oito anos e as perspectivas são favoráveis para 2019. É o que mostra pesquisa realizada pela SmartBrain, considerando os profissionais de investimentos que fazem parte de sua base no período entre junho de 2008 e junho de 2018.
O processo de transformação digital e o desenvolvimento de um conjunto de ferramentas, ajudam a aumentar a eficiência das operações no setor financeiro e ampliam o alcance do atendimento e a conquista de novos clientes, gerando também novas oportunidades de negócios.
Nos últimos anos, surgiu uma nova geração de corretoras baseadas em plataformas digitais e com prateleiras com muita variedade, fazendo a intermediação de produtos de terceiros - gestoras de fundos independentes e até instituições financeiras médias.
Além disso, essas plataformas de investimentos têm apostado em conteúdo relevante para o esclarecimento sobre finanças e produtos financeiros e no atendimento aos clientes de forma mais direta e personalizada. Para se ter uma ideia, em setembro de 2018, um levantamento do Google Brasil destacou que quando se trata de buscas sobre o tema finanças pessoais na Internet, as corretoras independentes são fontes mais procuradas do que os sites dos cinco maiores bancos.
Os investidores estão cada vez mais se conscientizando sobre a necessidade de organizar as suas finanças e buscam assessoria de profissionais especializados para diversificarem os investimentos e alcançarem seus objetivos de curto, médio e longo prazos. Por causa do grave problema fiscal no País e da necessidade de reforma da Previdência, vem aumentando a demanda, sobretudo, por assessoria para a montagem de um plano de aposentadoria mais confortável.
As gestoras de patrimônio também estão em plena expansão. O empreendedorismo também é forte nesta área. São crescentes os investimentos nesse segmento, puxados principalmente por profissionais que deixaram seus postos nos bancos para abrirem seus próprios escritórios, assim como, pela entrada de novos grupos internacionais.
A maioria das gestoras define a clientela a partir de patrimônios elevados, acima de R$ 10 milhões, R$ 20 milhões e muito mais. Porém, isso vem mudando no sentido de maior democratização. Já existem diversas gestoras atuando dentro de uma proposta diferente – elas reduziram o capital mínimo exigido e tornaram serviços mais acessíveis.
Nossa pesquisa indica que mesmo em período de intensa volatilidade no mercado financeiro como no ano passado, marcado pela greve dos caminhoneiros, copa e eleições, os investidores continuaram procurando os agentes autônomos, consultores de investimentos e gestores de patrimônio, justamente para compreenderem melhor os movimentos e acessarem alternativas mais rentáveis para suas carteiras.
Ou seja, o segmento de assessoria de investimentos independente continuou avançando em fase turbulenta.
No País, a taxa básica de juros da economia está em patamares históricos mais baixos e os investidores precisarão ser mais ousados para terem rentabilidades mais altas. Antes, com a taxa de juros acima de 1% ao mês, não havia necessidade de procurar investimentos diferenciados. Agora, os investidores terão que correr mais riscos para conseguir retornos à altura.
Existe um espaço para uma migração mais intensa de clientes dos bancos para corretoras, principalmente se o desempenho da economia for positivo neste e nos próximos anos.
De forma geral, mais de 90% da poupança dos brasileiros está dentro dos bancos. Em países desenvolvidos, apenas algo em torno de 10% - ou seja, a maioria está em plataformas de investimentos independentes, como é o caso dos Estados Unidos.
O CFA Institute, entidade global que certifica profissionais de investimentos, realizou um estudo em 2018 sobre o nível de confiança e satisfação dos investidores com os serviços financeiros em diversas partes do mundo. No Brasil, este índice é de 48%, o mesmo patamar que nos Estados Unidos e um pouco baixo do Canadá (51%). Na Europa, os indicadores são mais baixos, na faixa entre 30% e 40%. Na Índia, o grau de satisfação é bastante elevado, 71%. O que chama a atenção é que globalmente, entre os jovens entre 25 e 34 anos, a confiança no setor financeiro é maior, representa 55% em média. Entre aqueles de 35 a 45 anos, o índice é de 49%.
A pesquisa sugere uma forte ligação entre o uso da tecnologia por assessores de investimentos e o aumento da confiança nesses profissionais e no setor financeiro, especialmente entre os investidores mais jovens.
Ainda conforme o estudo do CFA Institute, na hora de contratar um assessor de investimentos ou os serviços de uma gestora de patrimônio, os investidores levam em consideração os seguintes critérios: a confiança de que os profissionais vão agir respeitando seus interesses e reais necessidades (35%), as recomendações de nomes de especialistas feitas por amigos ou pessoas em que confiam (18%) e a capacidade dos assessores obterem altos retornos (17%).
Portanto, o track record ou desempenho dos assessores de investimentos ou gestores ao longo do tempo aparece somente em terceiro lugar. A ética e a transparência são os grandes elos de uma relação de confiança entre investidores e profissionais.