A oferta de fundos de investimento é cada vez maior e com a taxa Selic em sua mínima histórica, há uma necessidade de os investidores buscarem aplicações de maior risco para alcançarem uma rentabilidade acima dos 0,5% ao mês. Nesse cenário, os fundos multimercados e os fundos de ações estão sendo bastante procurados.
Mas, no momento de escolher estes tipos de fundos, é muito importante que você saiba onde está investindo e procurar entender muito bem quais são as estratégias adotadas pelos gestores e os riscos embutidos.
Não se deixe levar pelos rótulos. Ao observar as classificações básicas oficiais destes produtos, não é possível saber exatamente onde os fundos aplicam os recursos, pois podem existir fundos multimercado e fundos de ações que aplicam nos mesmos ativos. Por denominação, um fundo de ações é aquele que possui, no mínimo, 67% da carteira em ações. Já um fundo multimercado não tem esta limitação e pode investir em diversos ativos: renda fixa, juros, moedas e também ações.
Logo, um fundo classificado como multimercado pode ser na verdade um fundo de ações, com grande concentração em papéis na Bolsa, e compará-lo com um fundo multimercado tradicional, que procura apenas superar o CDI, é um grande erro.
Outro ponto de atenção diz respeito às estratégias dos fundos multimercados. Existem aqueles que procuram superar o CDI usando uma alocação em ativos de renda fixa de crédito privado, por exemplo, assim como há outros que buscam a mesma coisa, porém operando juros futuros e com forte alavancagem - que são operações com recursos acima do patrimônio, o que leva os investidores a correrem mais riscos.
Comparar fundos vai muito além da simples comparação da rentabilidade entre eles e é comum ver rankings no mercado que colocam fundos multimercados como os mais rentáveis do segmento, quando na realidade eles têm a dinâmica de fundos de ações.
É essencial fazer uma análise qualitativa dos fundos e não apenas quantitativa, aquela que compara a rentabilidade e a volatilidade em um período de tempo. Para isso, é necessário pesquisa ou a ajuda de um assessor de investimentos, profissional que possui acesso direto aos gestores dos fundos e sabe onde eles estão colocando o seu dinheiro.
A análise qualitativa tem vários passos, mas o item fundamental é saber em quais ativos o gestor coloca o dinheiro do fundo e qual estratégia ele segue para gerar o resultado.
Apenas para exemplificar, nos fundos de ações é fundamental verificar se investem em large caps; small caps; em empresas com melhores práticas de governança e sustentabilidade; se compram ações só no Brasil ou também companhias no exterior; se operam com derivativos; se fazem hedge; se podem fazer alavancagem e se aplicam em outros ativos, como dólar, juros, etc.
Nos multimercados é importante verificar em quais ativos investem – moedas, índices, juros, ações ou em todos. Se alocam só no Brasil ou no exterior também, se seguem estratégias macro ou mais específicas como Long & Short - que utilizam arbitragens com ações para gerar retornos acima do CDI, ou se investem em títulos privados de renda fixa e se operam derivativos. Assim, conhecer onde o gestor coloca o seu dinheiro é de vital importância para saber se você está apto para investir naquele fundo.
Os principais pontos de uma análise qualitativa de fundos de ações e multimercados são:
Portanto, não se deixe levar apenas pela classificação básica de um fundo ou pela sua rentabilidade histórica: não compre gato por lebre! Procure a ajuda de um assessor de investimentos e estude bem as estratégias, as políticas e os aspectos qualitativos dos fundos.
Dessa forma, a chance de você escolher os produtos mais adequados aumenta e certamente você irá diversificar de forma mais eficiente a sua carteira de investimentos.